domingo, 26 de junho de 2011

IDADE ADULTA


Teoria Psicossocial do Desenvolvimento  

Na Teoria Psicossocial do Desenvolvimento, o desenvolvimento evolui em oito estágios. Os primeiros quatro estágios decorrem no período de bebé e da infância, e os últimos três durante a idade adulta e a velhice.
Erikson dá especial importância ao período da adolescência, devido ao facto ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se verificam acontecimentos relevantes para a personalidade adulta. Cada estágio contribui para a formação da personalidade total. O núcleo de cada estágio é uma crise básica, que existe não só durante aquele estágio específico, nesse será mais proeminente, mas também nos posteriores a nível de consequências, tendo raízes prévias nos anteriores. Erikson apresentou os estágios em termos de qualidade básica do ego que surge em cada estágio, discutiu as forças do ego que surgem nos estágios sucessivos e descreveu a ritualização peculiar de cada um.
A formação da identidade inicia-se nos primeiros quatro estágios, e o senso desta negociado na adolescência evolui e influencia os últimos três estágios.
Temos então oito estágios de desenvolvimento:
1.ª Idade: Confiança Básica Vs Desconfiança Básica
Nesta idade a criança vai aprender o que é ter ou não confiança, esta está muito relacionada com a relação entre o bebé e a mãe. A confiança básica é demonstrada pelo bebé na capacidade de dormir de forma pacífica, alimentar-se confortavelmente e de excretar de forma relaxada. Devido à confiança do bebé e à familiaridade com a mãe, que adquire com situações de conforto por ela proporcionadas, atinge uma realização social, que consiste na aceitação em que ela pode ausentar-se e na certeza que ela voltará. O bebé ganha experiência no contacto com os adultos, aprendendo a confiar e a depender deles, assim como a confiar em si mesmo. A desconfiança básica é a parte negativa deste estágio, que é equilibrada com a segurança proporcionada pela confiança.
Este estágio é o da ritualização da divindade, na medida que opera o senso do bebé da presença abençoada da mãe, ao olhar, tocar, no fundo em reconhecê-lo.
São interacções pessoais e culturalmente ritualizadas; a falta do reconhecimento pode trazer alienação na personalidade do bebé, um senso de abandono e separação. A forma pervertida do ritual da divindade materna expressa-se na vida adulta pelo idolismo, em que a pessoa idolatra um herói.

2.ª Idade: Autonomia Vs Vergonha e Dúvida
 Durante este estágio a criança vai aprender quais os seus privilégios, obrigações e limitações. Há por ela, uma necessidade de auto-controle e de aceitação do controle por parte das outras pessoas, desenvolvendo-se um senso de autonomia.
O lado negativo deste estágio é a vergonha e a dúvida quando perde o senso de auto-controle, os pais contribuem neste processo ao usarem a vergonha na repressão da teimosia. A vontade tem origem na própria vontade treinada e no exemplo dado de vontade superior apresentado pelos outros, esta é responsável pela aceitação progressiva do que é permitido e necessário. Os elementos desta são progressivamente aumentados pelas experiências ao nível da consciência, manipulação, verbalização e locomoção.
A ritualização deste estágio é judiciosa, a criança julga-se a si e aos outros, diferenciando o certo do errado e as pessoas ditas diferentes, formando-se a base ontogenética da alienação humana, a espécie dividida, que Erikson designou como pseudo-espécie, a origem do preconceito humano.
O ritualismo perverso é o legalismo, em que a punição vence a compaixão.

3.ª Idade: Iniciativa Vs Culpa
Relativamente ao terceiro estágio estipulado por Erikson, equivale ao estágio psicossexual genital-locomotor, é o da iniciativa. Uma era de crescente destreza e responsabilidade. Nesta fase a criança encontra-se nitidamente mais avançada e mais organizada tanto a nível físico como mental. É a capacidade de planear as suas tarefas e metas a atingir que a define como autónoma e por consequência a introduz nesta etapa. No entanto este estágio define-se também como perigoso, pois a criança busca exaustivamente e de uma forma entusiasta atingir as suas metas que implicam fantasias genitais e o uso de meios agressivos a manipulativos para alcançar a essas metas.
Ela encontra-se num estado de ansiedade porque quer aprender bem e a partir daqui amplia o seu sentido de obrigação e desempenho. A sua principal actividade é o brincar e o propósito é a virtude que surge neste estágio de desenvolvimento. Este chamado propósito define-se como o resultado do seu brincar, das suas tentativas e dos seus fracassos. Para além dos jogos físicos com os seus brinquedos ela constrói também os chamados jogos mentais tentando imitar os adultos e entrando no mundo do faz de conta. O objectivo deste jogo é tentar perceber até que ponto ela pode ser como eles. O poder da imaginação e a forma desinibida como o faz é fulcral para o desenvolvimento da criança.
Esta terceira idade, também apelidada por idade de brincar é assinalada pela ritualização dramática.

4.ª Idade: Diligência Vs Inferioridade
 Nesta fase a criança necessita controlar a sua imaginação exuberante e dedicar a sua atenção à educação formal. Ela não só desenvolve um senso de aplicação como aprende as recompensas da perseverança e da diligência.
O prazer de brincar, o interesse pelos seus brinquedos são gradualmente desviados para interesses por algo mais produtivo utilizando outro tipo de instrumentos para os seus trabalhos que não são os seus brinquedos. Também neste estágio existe um perigo eminente que se caracteriza pelo sentimento de inferioridade aquando da sua incapacidade de dominância das tarefas que lhe são propostas pelos pais ou professor.
Ao longo deste estágio da diligência desponta a virtude de competência, isto porque os estágios anteriores proporcionaram uma visão, embora que não muito nítida, mas futura em relação a algumas tarefas. Nesta fase ela sente-se pronta para conhecer e utilizar os instrumentos e máquinas e métodos para desempenhar o trabalho adulto, trabalho esse que implica responsabilidades como ir à escola, fazer as tarefas de casa, aprender habilidades, de modo a evitar sentimentos de inferioridade.

5.ª Idade: Identidade Vs Confusão/Difusão
Como já foi referido na introdução, o quinto estágio ganha contornos diferentes devido à crise psicossocial que nele decorre, ou seja, Identidade Versus Confusão. É de relembrar que o termo crise não tem neste contexto uma acepção dramática, visto tratar-se de a algo pontual e localizado com pólos positivos e negativos. 
Esta 5ª idade localiza-se usual e aproximadamente dos 12 aos 18/20 anos, ou seja, na adolescência, puberdade, precisamente na idade em que na vertente positiva, o adolescente vai adquirir uma identidade psicossocial, isto é, compreende a sua singularidade, o seu papel no mundo.
Não se pode encarar os diferentes estágios como estanques isolados, logo as fases anteriores irão deixar marcas que vão influenciar a forma como se vivência esta crise, desembocando uma perspectiva histórica na qual o adolescente se vai aperceber e integrar elementos idênticos adquiridos nas idades anteriores.
Exemplo deste parágrafo é a identidade, que se forma numa continuidade e une as diferentes transformações num processo cumulativo de desenvolvimento. Neste estágio os indivíduos estão recheados de novas potencialidades cognitivas, exploram e ensaiam estatutos e papéis sociais, devido à sociedade fornecer este espaço de experimentação ao adolescente. É neste âmbito que ressalta um dos conceitos de Erikson que ajuda a conferir tanta relevância a este estágio, ou seja, a moratória psicossocial.  Sendo assim o adolescente antecipa o seu futuro, explora alternativas, experimenta, dá um tempo. As necessidades pessoais, as exigências sócio-culturais e institucionais caracterizam a moratória. Um grande número de adolescentes, tem uma evolução incompleta por terem entrado excessivamente rápido na vida adulta, sem um amadurecimento interior, que só poderia ter sido facultado por uma boa vivência neste estágio e nos seus diferentes aspectos.
A identidade dá assim um sentido histórico à existência, a qual se constrói tendo por base as representações feitas sobre nós, bem como as interacções e os confrontos entre as representações que os outros fazem de nós e as que nós fazemos de nós próprios.
O ego neste estágio tem a peculiaridade de apurar e inteirar talentos, aptidões e habilidades na identificação com pessoas semelhantes a nós e na acomodação ao ambiente social. A chave para a resolução da crise de identidade que pode fazer com que o adolescente se sinta isolado, vazio, ansioso e indeciso, reside assim, na interacção com pessoas significativas, que são escolhidas e são parte integrante da construção da sua identidade adulta.
O lado negativo menciona os aspectos, sentimentos relacionados à confusão/difusão de quem ainda não se descobriu a si próprio, e não sabe o que pretende, tendo dificuldade em optar.
É de se referir que nesta idade emergem um conjunto particular de valores a que Erikson denominou por fidelidade: «A fidelidade é a capacidade de manter lealdades livremente empenhadas, apesar das inevitáveis contradições dos sistemas de valor» igualmente conhecida por identidade adquirida.
Para concluir é de referir que a ritualização correspondente a este estágio é a ideologia e que a perversão da mesma é o totalismo, traduzindo-se a primeira pela solidariedade de convicção e a segunda na preocupação pelo que parece ser inquestionável.

6.ª Idade: Intimidade Vs Isolamento
No concernente ao sexto estágio, que se refere à intimidade Versus Isolamento, há a dizer a título introdutório que em grosso modo pode-se afirmar que esta idade ocorre dos 18/20 aos 30 e tal anos, e na qual o jovem almeja estabelecer relações de intimidade com os outros e adquirir a capacidade necessária para o amor íntimo.
Este estágio caracteriza-se pelo facto de pela primeira vez o indivíduo poder desfrutar de uma genitalidade sexual verdadeira, mutuamente com o alvo do seu amor. Tal situação deve-se à realidade de que o indivíduo nos estágios anteriores limitava-se à demanda da identidade sexual e a um anseio por intimidades efémeras. É então a idade de jovem adulto que, com uma identidade assumida, possibilita o estabelecer de relações de intimidade com os outros, em que o amor é a virtude dominante do universo, pois apesar de estar presente nos estágios anteriores, neste ganha nova textura.
A força do ego depende do parceiro com que está preparado para compartilhar situações tão peculiares como a criação de um filho, a título exemplificativo. Os indivíduos encaram a tarefa desenvolvimental de construir relações com os outros numa comunicação profunda expressa no amor e nas relações de amizade.
O lado negativo traduz-se no isolamento de quem não consegue partilhar afectos com intimidade nas relações privilegiadas. «O perigo do estágio da intimidade é o isolamento, o distanciamento dos relacionamentos, quando a pessoa não está disposta a comprometer-se com a intimidade». um senso temporário de isolamento é uma vantagem para a realização de escolhas, todavia, isso pode culminar em graves problemas de personalidade.
A ritualização correspondente desse estágio é a associativa, isto é, um compartilhar conjunto de trabalho, amizade e amor. O ritualismo correspondente, o elitismo, expressa-se pela formação de grupos exclusivos que são uma forma de narcisismo comunal

7.ª Idade: Generatividade Vs Estagnação
É um dos mais extensos estágios psicossociais e resume-se no conflito entre educar, cuidar do futuro, criar e preocupar-se exclusivamente com os seus interesses e necessidades. Usualmente dá-se desde os 30 aos 60 anos, não havendo porem uma idade comum a todas as pessoas.
A questão – chave na 7ª idade pode formular-se de várias formas: «Serei bem sucedido na minha vida afectiva e profissional?»; «Produzirei algo com verdadeiro valor?»; «Conseguirei contribuir para melhorar a vida dos outros?».
A generatividade denota a possibilidade de se ser criativo e produtivo em diversas áreas da vida. Bem mais do que educar e criar os filhos representa uma preocupação com o contentamento das gerações seguintes, uma descentração e expansão do Ego empenhado em converter o mundo num lugar melhor para viver, como tal, a generatividade representa o desejo de realizar algo que nos sobreviva.
Se o desenvolvimento e descentração do Ego não ocorre, ou seja, se se dá o fracasso na expansão da generatividade, o indivíduo pode estagnar, preocupar-se quase unicamente com o seu bem-estar e a posse de bens materiais. O egocentrismo é para Erikson, sinónimo de ineficácia e de decadência vital precoce. O egocêntrico fecha-se nas suas ambições e pouco ou nada dá de si aos outros. 
A ritualização deste estágio, que é a ritualização de paternidade/maternidade, produção, ensino, cura e assim por diante, papeis em que o adulto age como transmissor de valores ideais para os jovens. As distorções da ritualização geracional se expressam pelo ritualismo do autoritarismo. O autoritarismo é o confisco ou a usurpação da autoridade incompatível com o cuidado.   A virtude própria deste estágio é o cuidado, a inquietação com os outros, o querer fazer algo por alguém.

8.ª Idade: Integridade Vs Desespero
 A última idade do desenvolvimento psicossocial é marcada por um olhar retrospectivo, que faz com que, ao aproximarmos-nos do final vida sentamos a necessidade de aquilatar o que dela fizemos, revendo escolhas, realizações, opções e fracassos. Nesta etapa da vida a questão que se coloca é «Teve a minha vida sentido ou falhei?».
Esta última idade ocorre frequentemente a partir dos 60 anos.
Na duplicidade emocional «integridade versus desespero», a integridade indica que o indivíduo considera positivo o seu percurso vital, ou seja, toma consciência que a vida teve sentido e que foi feito o melhor possível dadas as circunstâncias e as suas capacidades. Reconcilia-se com a mágoa e a angústia, e encara a existência como algo positivo.
Segundo Erikson, «[...] o possuidor de integridade está preparado para defender a dignidade do seu próprio estilo de vida contra todas as ameaças físicas e económicas». Se o avaliamento da existência é negativa, se sentimos que desaproveitamos o nosso tempo e não concebemos quase nada, existe o desejo de retroceder, de readquirir as oportunidades perdidas, de reformular opções e escolhas. Ao conjecturar que é demasiado tarde, pode instalar-se o desgosto, a angústia, o pânico da morte.
A ritualização neste último estágio, pode ser chamada de integral. Ao tentar encontrar um ritualismo correspondente, Erikson sugere o sapientismo, «a tola pretensão de ser sábio». A sabedoria é a virtude resultante da última fase da vida, a percepção de que não vivemos em vão, «A sabedoria, então, é a preocupação desprendida com a vida em si».

 A teoria triangular do amor de Sternberg

Na teoria triangular do Amor os relacionamentos são caracterizados por três elementos:
Intimidade, Paixão e Compromisso.
Cada um destes elementos e suas combinações entre si podem estar presente em um relacionamento, produzindo as seguintes definições:

·         Amizade (intimidade)
·         Limerence (paixão)
·         Amor vazio (compromisso)
·         Amor Romântico (intimidade + paixão)
·         Companheirismo amoroso (intimidade + compromisso)
·         Amor fugaz (paixão + compromisso)
·         Amor consumado (intimidade + paixão + compromisso)