Os métodos da Psicologia
A Psicologia define o seu objecto e estabelece o seu método de trabalho.
Os diferentes ramos da Psicologia resultam de diferentes modos de abordagem do comportamento humano.
Os diferentes ramos da Psicologia resultam de diferentes modos de abordagem do comportamento humano.
Método Introspectivo
Wilhelm Wundt criou o método introspectivo controlado (ou Introspecção na segunda pessoa) em que o sujeito é provocado, através de estímulos, e analisa e descreve o que sente. Cabe ao psicólogo anotar e interpretar o que é descrito. O objectivo é analisar a experiência consciente. Mas este método foi muito criticado, devido a algumas limitações que acarreta. Neste método, o sujeito é ao mesmo tempo observador e observado. August Comte, positivista, defende que é impossível ao mesmo tempo sentirmos e analisarmos com clareza aquilo que sentimos. Diz ele: " (...) ninguém pode estar à janela para se ver passar na rua". Quer dizer, a tomada de consciência de um fenómeno modifica esse fenómeno.
Assim, devido ao uso do método introspectivo, considerava-se que a psicologia ainda sofria uma grande influência da sua tradição ligada à filosofia, e, por isso, ainda não era ciência.
Assim, devido ao uso do método introspectivo, considerava-se que a psicologia ainda sofria uma grande influência da sua tradição ligada à filosofia, e, por isso, ainda não era ciência.
Outro problema do método introspectivo é o facto de o paciente utilizar a linguagem verbal para explicar sentimentos, emoções e estados de espírito em geral. Ora, esta é, como todos sabemos, cheia de ambiguidades; por vezes, queremos dizer uma coisa e dizemos outra, outras nem sequer há palavras para explicar bem o que sentimos. Por outro lado, quando o paciente explica o que sentiu, já é outro momento, pode haver distorção. Assim, diz-se que não é possível a verdadeira introspecção, apenas retrospecção. Há ainda limites na aplicação deste método. Ele não pode ser aplicado a crianças e doentes mentais que não se consigam exprimir. Existe, então, limitações sérias no campo da psicologia infantil, patológica e animal. Podemos ainda acrescentar a impossibilidade de aceder, com este método, ao inconsciente. Analisam-se, apenas, os estados conscientes. Com Freud, ficou bem provada a importância do inconsciente.
Método da Observação
A observação tem uma longa história no contexto da psicologia, sendo hoje considerada como um processo imprescindível na investigação, tendo, até, adquirido o estatuto de método da psicologia. Fundamentalmente, a observação consiste em olhar atenta e sistematicamente e registar o que se observa. Ocorre sempre que alguém, diferente do observado, nota, dá conta e documenta o comportamento.
É costume falar da observação sistemática por oposição à observação ocasional. Esta última, típica do senso comum, não obedece a regras e é afectada pela subjectividade das pessoas, não sendo propriamente considerada científica. No entanto, ela pode levar à demonstração de factos que inspiram importantes constatações posteriores. Foi no decorrer de uma observação ocasional, que Pavlov, ao estudar a digestão, descobriu o reflexo condicionado, verificando a existência de secreções nos animais que não eram provocadas exclusivamente por processos bioquímicos. Porém, quando se investiga em psicologia, a observação utilizada é sistemática, sujeita a um projecto previamente definido e no qual se fixam a condições que delimitam com precisão os aspectos a considerar.
Destacam-se duas formas de observação em psicologia: Observação Laboratorial e Observação Naturalista.
- A primeira é utilizada ao nível do método experimental. A realização da experiência em condições controladas, num laboratório, leva a que a situação observada seja uma situação artificial. Esta observação implica uma sistematização prévia, em que se define o que se pretende observar, com a construção de grelhas de registo. Desta forma, o sujeito observado tem consciência dessa observação, o que pode condicionar o seu comportamento. Numa tentativa de eliminar esse condicionamento, pode-se recorrer a câmaras de filmar, espelhos de uma via, entre outros.
- A Observação Naturalista é defendida pelo método clínico, fundamentando-se na necessidade de observar as condições reais de uma situação.
Método Experimental
O método experimental é um método das Ciências Naturais aplicado às Ciências Sociais e Humanas, que tem quatro etapas: hipótese prévia, controlo e manipulação de variáveis, técnicas de observação e registo e generalização de resultados.
Variável independente é a que o investigador manipula para verificar as modificações provocadas na variável dependente. Variável externa ou parasita são aspectos alheios à experiência, que, se não forem controlados pelo investigador, podem interferir e alterar os resultados, pondo, assim, em causa a fiabilidade da experiência. Estas variáveis devem ser, dentro do possível, neutralizadas.
O grupo experimental é aquele em que o experimentador manipula a variável independente. O grupo testemunha é aquele que tem as mesmas características do grupo experimental excepto no que diz respeito à manipulação da variável independente. Permite comparar resultados, para verificar quais as alterações efectivamente provocadas pela manipulação da variável. O grupo amostra representativa é uma parte, um subgrupo da população (conjunto total de pessoas acerca das quais se pretende tirar conclusões), que consiste no grupo de elementos em relação aos quais se recolhem dados e que devem ser o mais representativos possível da população.
Método Clínico
Não é um método de pesquisa nem pretende descobrir as leis do comportamento, mas constitui-se de uma série de procedimentos de diagnóstico e tratamento de pessoas com problemas de comportamento e/ou emocionais.
Deste modo, o estudo desenvolve-se sobre um único indivíduo ao longo de determinadas fases:
· Anamnese: levantamento da história individual do paciente, recorrendo a fontes externas e trazendo à memória informações perdidas. Esta fase permite elaborar algumas hipóteses de trabalho que vão condicionar a fase seguinte.
· Entrevista: colocação de questões ao paciente na tentativa de seleccionar hipóteses a partir das suas respostas verbais e não-verbais (gestos, reacções, etc.).
· Observação: estudo dos comportamentos do paciente no seu ambiente natural de modo a confirmar a hipótese seleccionada.
· Testes: realização de testes de personalidade (do tipo projectivo) de modo a certificar as conclusões. Note-se que estes testes podem ser igualmente utilizados no início do processo de modo a fornecer informações.
A partir da confirmação da hipótese, deduz-se qual o tratamento a desenvolver.
Método Psicanalítico
- Hipnose - Induzir o paciente, através de uma sugestão intensa, num estado semelhante ao sono mas no qual é possível estabelecer a comunicação com o hipnotizador e ser sugestionado, podendo assim revelar memórias ocultas ou ser condicionado para determinada acção ou comportamento.
- Interpretação dos sonhos - Os sonhos apresentam imagens figurativas de recalcamentos, ansiedades e medos, que depois de interpretados vão permitir ao psicanalista confirmar os resultados das suas investigações sobre problemas de comportamento apresentados pelo paciente. É o meio de exploração mais seguro dos processos psíquicos pelo que acaba por abandonar a técnica da hipnose.
- Actos falhados - fenómenos ligados a lapsos de linguagem, de escrita, esquecimentos momentâneos de palavras. São acidentes de carácter insignificante e de curta duração.
- Transferência - Transferência inconsciente para a figura do psicanalista de sentimentos de ternura ou de hostilidade (transferência positivo ou negativo) actualizando situações reprimidas e esquecidas para que o psicanalista possa detectar as razões do conflito inconsciente. É um processo de catarse, descarga psíquica, restabelecendo a relação entre a emoção e o objecto que inicialmente a despertou.
Estas técnicas, indirectas, permitem que o próprio paciente tome consciência dos seus problemas, só assim sendo possível a sua cura.
Por seu lado a Hipnose, que não permitia a tomada de consciência do problema pelo paciente, vem a ser abandonada.
Por seu lado a Hipnose, que não permitia a tomada de consciência do problema pelo paciente, vem a ser abandonada.
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